A maioria das nossas prefeituras não dá valor nem atenção devida à instalação de bibliotecas públicas, museus, teatros e centros culturais. Isto pode ser constatado facilmente, com raras e honrosas exceções, como os municípios de Sobral e de Russas.
Quando nos referimos a bibliotecas, não pensamos em um “amontoado de livros”, situados em qualquer instalação e “supervisionados” por pessoas desqualificadas para tanto. As bibliotecas têm, antes de tudo, de ser bem localizadas, de preferência em pontos centrais da cidade ou locais de fácil acesso, em prédios adequados, com diferentes ambientes para leitura individual ou em grupo. O acervo deve ser variado e atualizado (revistas, jornais, dicionários, mapas, livros de história, economia, literatura, ciências, línguas estrangeiras), além de haver ligação com a internet. E, não por último, a biblioteca deve ser acessível ao público, tanto durante o dia como à noite (pesquisas recentes indicam que a existência de boas bibliotecas implica em uma melhora de até 80% no processo de aprendizagem dos alunos).
Os museus, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento de diferentes habilidades (pintura, artesanato), além de contribuírem para gerar uma consciência histórica acerca dos costumes, modas e estilo de vida local, bem como o conhecimento acerca de outros povos e tradições. Neste sentido, poder-se-ia aproveitar a experiência dos países desenvolvidos, que se valem de diferentes espaços e locais considerados relevantes para a história da comunidade, integrando-os como parte de um processo educativo e de reforço de uma “identidade coletiva”.
O teatro, por sua vez, tem sido sempre um encontro dos indivíduos com o entretenimento, a crítica a costumes e valores e, sobretudo, como estímulo à criatividade. Neste sentido, as prefeituras deveriam levar em consideração, como fez, por exemplo, a Prefeitura de Guaramiranga, que promover o teatro pode ser uma forma bastante eficaz de envolver a juventude em projetos mais amplos de participação.
Daí também a importância dos centros culturais como pontos de encontro, de exposição de diversas modalidades de expressão da cultura local e de intercâmbio com outras produções. Feiras locais, estaduais, nacionais e internacionais; amostra de criações de artistas locais; festivais de música – tudo isso pode despertar uma dinâmica que, sem dúvida, irá repercutir na geração de um ambiente de estímulo a novos talentos, inclusive na geração de emprego, algo de que os nossos jovens tanto necessitam.
As bibliotecas, os museus, os teatros e os centros culturais são muito mais do que meros instrumentos de uma política transitória que se dá no intervalo entre uma eleição e outra, a cada quatro anos. Representam, antes de mais nada, um poderoso meio para conferir auto-estima aos indivíduos, promover a cidadania e defender os valores superiores de uma comunidade. Promovê-los só poderá engrandecer as administrações e os políticos que tenham uma visão do futuro.
(Diário do Nordeste. Fortaleza, 28.03.2006)
Nunca digas a Deus que tem um grande problema, digas a seu problema que tem um grande Deus.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Cultura como Ação Política
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